EDUCAÇÃO, COVID-19 E VILA PRINCESA: práticas de cuidado e de produção de vida
Coordenador: PROF. DR. RAFAEL CHRISTOFOLETTI
Vice Coordenação: PROF. DR. MARCIA MACHADO DE LIMA
EDUCAÇÃO, COVID-19 E VILA PRINCESA: praticas de cuidado e de produção de vida é um projeto de extensão proposto pelo grupo de pesquisa DIPSA- Diferença e Processos de Subjetivação na Amazônia e se apresenta como articulador de ações (de pesquisadores e extensionistas) frente à implicação social e ética da universidade em colocar-se ao lado dos grupos vulneráveis e produzir, junto da comunidade as condições de suporte e minimização dos efeitos e alternativas nos processos de educação, trabalho e saúde. Será feita a abertura para estudantes e docentes voluntários da UNIR para integrar as ações ou propor outras, desde que remotas e mediadas por meios de comunicação virtuais, que favoreçam atingir as metas, junto aos catadores e catadoras de recicláveis frente à pandemia do novo coronavírus e membros externos. Os objetivos visam o desenvolvimento de práticas de cuidado e de produção de vida, com especial implicação na comunidade da Vila Princesa. Por meio de ações de pesquisadores e parceiros externos de diversos campos como educação, saúde, trabalho e tecnologia para com os catadores e moradores da Vila Princesa o presente projeto opera uma importante articulação da Universidade Federal de Rondônia com o “Comitê de Atenção aos Catadores de Porto Velho frente à pandemia COVID 19 – CACPVH COVID19” constituído junto ao Fórum Estadual Lixo e Cidadania,constituído por diversas instituições, entidades, grupos e coletivos, em uma série de ações, por sua vez, articuladas no sentido de evitar e reduzir os danos referentes aos efeitos da pandemia junto aos catadores de materiais recicláveis de Porto Velho.
INCOOP - Incubadora de Cooperativas Populares da UNIR
Coordenador: PROF. DR. RAFAEL CHRISTOFOLETTI
vice coordenação: Juliana da Silva Nóbrega
A “INCOOP UNIR” – Incubadora de Cooperativas Populares da UNIR” é um Programa de extensão transdisciplinar que tem como objetivo a incubação e a formação de grupos, coletivos populares e empreendimentos solidários. Por meio da incubação e formação almeja-se o desenvolvimento dos empreendimentos econômico-solidários a partir de processos autogestionários, a construção de alternativas de trabalho e geração de renda e a produção de processos de subjetivação autônomos e singulares dos sujeitos. O período do Programa é de 2020 a 2023.
Incubação da CATANORTE
Coordenador: PROF. DR. RAFAEL CHRISTOFOLETTI
“Incubação da CATANORTE" é um projeto do programa de extensão "INCOOP - Incubadora de Cooperativas Populares da UNIR" e surge em decorrência de resultados parciais do projeto “Cartografias do Lixão: catadores, economia solidária e processos de subjetivação”. Seu objetivo é desenvolver processos de incubação e formação à cooperativa de catadores de materiais recicláveis CATANORTE da Vila Princesa.
Cartas do Rio a Rua
Coordenadora: PROF. DR. MARCIA MACHADO DE LIMA
O Programa de extensão Cartas do Rio a Rua tem como eixo central das ações fomentar o diálogo entre crianças de localidades diferentes de Porto Velho e mediar as ações e atividades através da troca convencional de cartas. Se as escritas a serem produzidas, especialmente quando enviadas por grupos de crianças reunidas em escolas - portanto em um dos espaços possíveis de produção embora não o único - suscitam a expectativa de virem em razão do alcance de metas de aprendizagem da escrita, e efetivamente terem a potência de contribuir para isso, o principal motivador do programa é poético: que o mundo seja narrado na perspectiva da criança. Porto Velho será o segundo eixo articulador, como localidade marcada pelo rural, município constituído pela cultura ribeirinha que está no traçado da experiência das pessoas, no campo de experiência infantil. Do ponto de vista dos seus efeitos, esperamos que os encontros-oficinas possam apresentar-se com a força do rio e da rua, principalmente, da infância e de Porto Velho, impactando o modo como os participantes veem esses dois eixos, provocando desdobramentos que consideramos inevitáveis na formação de professores, nas práticas da escrita como ferramenta cultural, na produção de sentido como leitura por parte de todos os envolvidos. No contexto da conversa com as crianças ribeirinhas, na fase de elaboração e aproximação, compreendemos o que elas nos diziam, nas entrelinhas e nos intertextos: queremos escrever, mas queremos escrever sobre o que faz a infância, e infância em Nazaré; queremos ler, ler sobre o mundo, o mundo todo, mas os sentidos que produzimos precisam ser lidos com respeito ao nosso universo, às nossas culturas rural/ribeirinha/infantil. Desse modo, apresentou-se o problema principal da proposta, forte, potente, vindo das próprias crianças. Como criativamente, e com as crianças, podemos ensejar escritas e leituras que registrem o que é ser criança nos vários espaços ocupados por elas na área ribeirinha em Porto Velho? Três serão os objetivos:produzir as condições da escuta atenta da criança de modo a considerar seu lugar de fala como lugar da infância; produzir as condições de estabelecimento de rede de interlocução entre crianças; favorecer a ocorrência de interação entre os temas e os efeitos da conversa tratados pelas crianças com a formação de educadores dedicados à infância sem perder de vista a inserção em Nazaré, em Porto Velho e na região, principalmente, pela compreensão de que crianças têm saberes próprios.
Cartografias do lixão de Porto Velho: catadores, economia solidária e processos de Subjetivação
Coordenador: PROF. DR. RAFAEL CHRISTOFOLETTI
Cartografias do lixão de Porto Velho: catadores e economia solidária e processos de subjetivação está vinculado ao projeto matriz Processos de Vida, Trabalho, Educação e Saúde na Comunidade da Vila Princesa em Porto Velho/Rondônia que tem como objetivo compreender os processos de vida, escolarização, saúde e trabalho. A partir do conceito de cartografia de Deleuze e Guattari busca-se mapear/acompanhar os processos de subjetivação em torno do lixão de Porto Velho que nos últimos anos tem sido objeto de candentes discussões em decorrência das condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis e de denúncias de trabalho infantil. A presente pesquisa-intervenção será/está sendo realizada junto às cooperativas Catanorte, Unidos pela Vida e à Associação Comunitária de Moradores da Vila Princesa: coletivos de grande importância para a coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos do município de Porto Velho.
Palavras chaves: catadores, economia solidária e processos de subjetivação.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA LÓGICA DE PROGRAMAÇÃO NO CURSO TÉCNICO MÉDIO INTEGRADO NO IFRO CAMPUS - CALAMA
Coordenadora: CAMILA CAROLINA SALGUEIRO SERRÃO
A dificuldade do processo de ensino aprendizagem de Programação não é algo novo, nos estudos executados (GOMES et. al., 2008) vários fatores influenciam na aprendizagem. Fatores ambientais, políticos, metodológicos, sociais, podendo a responsabilidade do fracasso escolar recair sobre o professor ou ainda culpabilizar inteiramente o aluno. Os estudos citados foram realizados com cursos de Graduação na área de tecnologia onde a disciplina de programação é mais comum, contudo as referências sobre o ensino de programação no Brasil para o ensino médio encontram-se em menor número, em especial nos institutos federais. Tendo esse problema multifacetado, quais são os principais destes fatores são os que afetam a realidade do curso técnico integrado ao ensino médio em informática do Instituto Federal Campus Porto Velho Calama? Para investigar quais são as principais dificuldades sentidas pelos discentes do ensino médio a metodologia da pesquisa ação será implementada sendo divida em três momentos. No primeiro momento os discentes do segundo ano do ensino médio do curso técnico integrado ao ensino médio irão, com acompanhamento da docente, refletir sobre o primeiro contato com a programação utilizando as dinâmicas do world cafe, e expor quais foram as dificuldades sentidas durante a disciplina de “Lógica de Programação”. selecionando as mais impactantes através de um silent brainstorm seguido devalue clock. Colaborativamente criarão uma proposta para mitigar a dificuldade selecionada e após finalizadas, mediadas pela professora, praticarão uma intervenção ao 1º ano. As impressões sendo depois registradas pela docente. A experiência será analisada para avaliar se a intervenção deixou um impacto positivo nos primeiros e segundos anos do ensino médio e servirá para os docentes refletirem sobre sua prática pedagógica e o ensino de lógica de programação no primeiro ano.
Palavras chaves: Dificuldade de aprendizagem, Lógica de Programação
RASCUNHOS DE UMA CARTOGRAFIA DO COTIDIANO ESCOLAR: TRAÇADOS DE INVENÇÕES, CRIAÇÕES E FRAGMENTOS DA INFÂNCIA POR IMAGENS
Coodernadora: THAIS THAIANARA OLIVEIRA DA COSTA
A pesquisa apresentada foi se fazendo por processos de experiências em Arte produzidos com professores e alunos de uma escola municipal de ensino fundamental localizada na cidade de Porto Velho Rondônia. No decorrer do processo de experiência-prática e roda de conversações, fomos provocados a criar formas de compreender e nos envolver mais com o ambiente da pesquisa, ou, espaço para a prática. Vivenciar as experiências dos professores e a sua prática em Arte para podermos cartografar linhas de fugas de práticas artísticas nas series iniciais e criar uma feitura com o coletivo. Cartografamos produções de subjetividade situadas em microações e microhistórias, compartilhadas no coletivo através de falas e expressões nas relações dos afetos, a partir desses encontros, desencontros e relações, acreditando que os afetos são os devires que movimentam e transformam nossas singularidades.
EVASÃO ESCOLAR DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA-IFRO/CAMPUS PORTO VELHO ZONA NORTE
Coordenadora: ELIZANGELA APARECIDA SOUZA SANTOS
Este projeto de pesquisa-ação tem por objetivo investigar a evasão escolar de pessoas com deficiências no Instituto Federal de Rondônia - IFRO/campus Porto Velho Zona Norte, realizar um levantamento de evasão de alunos com deficiência existentes no campi, realizar rodas de conversas entre os alunos com deficiência evadidos do IFRO/Câmpus Porto Velho Zona Norte e construir um produto a partir da intervenção realizada durante a pesquisa. A questão de acessibilidade é um dos temas mais discutidos no contexto educacional e requer a adoção de políticas públicas e educacionais para resolver ou esclarecer esse problema, por conseguinte, a evasão escolar de pessoas com deficiência está sendo maior devido a uma série de complexos fatores culturais, sociais e pedagógicos. Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) nº 9.394/96, a Educação Inclusiva é reconhecida no Capítulo III, art. 4º, inciso III, diz que é dever do Estado garantir o “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. Inclusive, o capítulo 5 da LDB 9.394/96 trata somente de aspectos referentes à Educação Especial. Ao analisar o índice de inclusão levantado junto a Coordenação de Registros Acadêmicos do Ifro - CRA, e o Núcleo de Atendimento à Pessoa com Necessidade Educacional Específica – NAPNE, que faz atendimentos para inclusão de alunos com deficiência no Instituto Federal campus Porto Velho Zona Norte, ouve a necessidade investigar o problema do fracasso escolar e da evasão de alunos com deficiência ingressados nos Cursos oferecidos no Instituto Federal de Rondónia-IFRO. Para alcançar o foco principal do projeto em questão, que é propor a diminuição dos índices de evasão escolar de alunos deficientes, através do incremento das redes de proteção, busca-se, gradualmente, cumprir e incentivar a observância da obrigação constitucional insculpido no artigo 227 da Constituição Federal Brasileira, que recorda ser dever de toda a sociedade, da família, e do Estado, assegurar os direitos da criança, do adolescente e juventude, como prioridade íntegra, dentre eles o direito a educação e se manter nela.
Palavras-chave: Pessoa com Deficiência. Educação. Inclusão.
Comunidade Vila Princesa: cenas do espaço social amazônida em material didático para escola de comunidade
Coordenadora: NORATA GOMES DA MATA
O presente plano de trabalho foi previsto no início da pesquisa ao qual ele se vincula. A proposição daquela pesquisa é produzir um estudo de caso sobre a comunidade Vila Princesa, localizada em Porto Velho, Rondônia, que guarda traços distintivos relevantes para que as ciências humanas, e especialmente a educação, avance no seu conhecimento sobre a Amazônia e nas proposições de transformação da sociedade visando impactar o vida social no sentido da maior equidade e sustentabilidade. Hoje, no contexto da pandemia de Covid19 consideramos que o propósito se tornou urgente e imperativo para a inovação.
O estudo de caso apresentou-se como um delineamento viável para o projeto de pesquisa que pretendia abrir lugar ao plano de trabalho de inovação social. As pesquisadoras ao longo do processo de aproximação à comunidade na pesquisa etnográfica, geraram a compreensão dos espaços dos pontos de vista dos agentes (BOURDIEU,2013), suas histórias, seus objetos e práticas comuns de vida e trabalho (BOURDIEU1999,2013, WACQUANT, 2004;2011) que funcionarão aqui como marcadores a serem considerados para efetivar o produto, criativamente e de modo a favorecer o diálogo com a comunidade. Um diálogo que enfrentará o desafio de encontrar meios de comunicação reais em tempos de pandemia.
Múltiplos Letramentos nas Comunidades Periféricas em Situação de Isolamento e Banimento: estudo de caso sobre a Vila Princesa em Velho/ Rondônia
Coordenadora: PROF. DR. MARCIA MACHADO DE LIMA
O Programa de extensão Cartas do Rio a Rua tem como eixo central das ações fomentar o diálogo entre crianças de localidades diferentes de Porto Velho e mediar as ações e atividades através da troca convencional de cartas. Se as escritas a serem produzidas, especialmente quando enviadas por grupos de crianças reunidas em escolas - portanto em um dos espaços possíveis de produção embora não o único - suscitam a expectativa de virem em razão do alcance de metas de aprendizagem da escrita, e efetivamente terem a potência de contribuir para isso, o principal motivador do programa é poético: que o mundo seja narrado na perspectiva da criança. Porto Velho será o segundo eixo articulador, como localidade marcada pelo rural, município constituído pela cultura ribeirinha que está no traçado da experiência das pessoas, no campo de experiência infantil. Do ponto de vista dos seus efeitos, esperamos que os encontros-oficinas possam apresentar-se com a força do rio e da rua, principalmente, da infância e de Porto Velho, impactando o modo como os participantes veem esses dois eixos, provocando desdobramentos que consideramos inevitáveis na formação de professores, nas práticas da escrita como ferramenta cultural, na produção de sentido como leitura por parte de todos os envolvidos. No contexto da conversa com as crianças ribeirinhas, na fase de elaboração e aproximação, compreendemos o que elas nos diziam, nas entrelinhas e nos intertextos: queremos escrever, mas queremos escrever sobre o que faz a infância, e infância em Nazaré; queremos ler, ler sobre o mundo, o mundo todo, mas os sentidos que produzimos precisam ser lidos com respeito ao nosso universo, às nossas culturas rural/ribeirinha/infantil. Desse modo, apresentou-se o problema principal da proposta, forte, potente, vindo das próprias crianças. Como criativamente, e com as crianças, podemos ensejar escritas e leituras que registrem o que é ser criança nos vários espaços ocupados por elas na área ribeirinha em Porto Velho? Três serão os objetivos:produzir as condições da escuta atenta da criança de modo a considerar seu lugar de fala como lugar da infância; produzir as condições de estabelecimento de rede de interlocução entre crianças; favorecer a ocorrência de interação entre os temas e os efeitos da conversa tratados pelas crianças com a formação de educadores dedicados à infância sem perder de vista a inserção em Nazaré, em Porto Velho e na região, principalmente, pela compreensão de que crianças têm saberes próprios.
Descrição Resumida
A pesquisa em andamento tem como seu objeto a comunidade Vila Princesa, localizada a 11 km do centro de Porto Velho, às margens da BR 364, cujos pontos de referência mais comumente referenciados são o Campus da Universidade Federal de Rondônia – “fica ali, pra frente da UNIR” - e o Lixão Municipal – “É a vila do Lixão”. Especificamente, o olhar da equipe de pesquisa, há um ano dedicado, para o que constitui o objeto do ponto de vista educacional, sociológico e geográfico, fez com que seus achados parciais apontassem, ao lado dos aprendizados profícuos até aqui, os desafios, os pontos a ajustar na metodologia e, claramente, a relevância da continuidade dos investimentos na pesquisa e manutenção da equipe ao longo do ciclo 2020-2021.
Quando a escola em comunidade periférica é descrita segundo características de banimento e isolamento (WACQUANT, 2011), supomos que sofre e, no mesmo movimento, interfere nos processos de exclusão e na produção simbólica e cultural de um determinado recorte do espaço geográfico sem se separar ou apartar-se dos processos constitutivos do fenômeno de desigualdade social. Loic Wacquant (2011,2004; DURÃO, WACQUANT,2008) oferece largo instrumental de análise das condições que afetam determinadas localidades, grupos sociais e processos culturais, como produzem determinadas linhas fronteiriças entre populações, separando-as por vezes em guetos, bairros isolados, mas nem sempre por muros, cercas ou mesmo distancia física apenas. Marcadores como escolarização, trabalho, vida, bens públicos, lazer e arte são apontados como fundamentais para entender o grau de atravessamento e as formas variadas de violência como marcador e fiel da balança a alinhavar o delineamento de um localidade como uma comunidade em situação de banimento e isolamento, o que coloca como apenas um aspecto comum a considerar a existência de muros ou distância geográfica.
A desigualdade social que afeta o Brasil de modo importante e diretamente a Educação, torna impossível deixar de supor que haja, no chão das escolas, o entrecruzamento dos seus saberes com os saberes que circulam nos espaços onde se habita, transita, cria-se os filhos, cuida-se da saúde, organiza-se politicamente, cultua-se o sagrado; onde trabalham, brincam, divertem-se os agentes sociais - portanto, fora da escola - pertencentes às comunidades, mesmo considerando o barramento fortemente implementado pelo corte curricular que essas instituições dedicadas à educação básica formal têm sofrido desde a virada do século XXI com a intenção de torná-las igualitárias – algo a alertar considerando o contexto sempre definido pelas políticas neoliberais. Exatamente dado o contexto, que abarca os aspectos elencados e que envolvem saberes de diferentes matizes e fontes, é relevante a localização a utilização de ferramentas de pesquisa que permitam observar as relações, para que o objeto, na tensão em que se move socialmente, se constitua e explicite suas tensões. Wacquant oferece pistas importantes para dar tratamento às pistas que a movimentação que envolve os contemporâneos, e de resto, os moradores da Vila Princesa, apresentam. As pistas metodológicas de Wacquant propõem, considerando-se os resultados parciais, agregar a etnografia de modo mais claro na presente pesquisa.
Especialmente, no caso da Vila Princesa, a comunidade apresenta delineamento espacial provocado pelo cruzamento da sua história, do encontro que sua formação acarretou entre agentes com histórias singulares distintas mas atravessadas pelos processos que produziram e produzem Porto Velho e a Amazônia. Um delineamento relacionado à Amazônia, mas com características distintivas muito fortes, especificamente pelos eixos trabalho e escolarização, este último também bastante influente. A formação da Vila Princesa, em Porto Velho, Rondônia foi e é atravessada pela instalação do Lixão Municipal, a 1,5 km, e do processo de organização – disputas e tensões – entre os catadores e catadoras de resíduos recicláveis. Tal delineamento marcado pela cadeia produtiva do lixo, quando a pesquisa toma a entrada, dentre as múltiplas possíveis, pelos processos formativos e educacionais, outras variáveis se apresentam e intensificam o próprio delineamento da comunidade Vila Princesa como uma singularidade – mesmo se não a desvincularmos dos processos de produção cultural afetos à Pan-Amazônia. Quando se constata o seu afastamento geográfico e a carga histórica e antropológica que a associa à violência, à miséria e aos baixos índices escolares (SOUZA, 2005; SAULE JR,CARDOSO,2005) como aspectos naturalizados, a investigação permite coloca-la afim dos guetos hiperperiféricos contemporâneos ao modo como WACQUANT(2011, DURÃO, WACQUANT,2008) os descreve. A novidade da pesquisa até aqui, e sua relevância, cabe ressaltar, é trazer a Vila Princesa, um espaço geográfico com características singulares, do ponto de vista da constituição do espaço social da Amazônia, na esteira de outros trabalhos levantados. Vila Princesa articula, para além da extremamente incontornável e cada vez mais crucial, a temática ambiental, relativa ao uso dos recursos e produção de resíduos, à manutenção da vida no planeta. Do mesmo modo, Vila Princesa tem a potência de mobilizar e dar a pensar a miséria em contraponto com a desigualdade e a produção de renda e riqueza. Para o que instiga a pesquisa educacional, Vila Princesa coloca o relevo dos processos de valor dado pelas instituições escolares ao conhecimento dos grupos populares que, sob tensas linhas, se organizam em movimento. Aliam-se, outras provocações a observar em contexto as soluções populares no cotidiano e na constituição das cooperativas de catadores e catadoras. Soluções populares, como Carlos Rodrigues Brandão discute o modo que tem de se apresentam na localidade como educação popular. Os resultados da pesquisa até aqui, a faz ganhar maior densidade metodológica na construção do estudo de caso. Avançar significa perceber a potência de interpelar a pesquisa educacional na área de Ensino para compreender os fios de um bordado às vezes não tão fino, sempre um tanto tortuoso, repleto de nós e incompreensões que refletem as lacunas sobre do conhecimento acadêmico na área da educação, sobretudo no norte do Brasil, sobre as relações que travam o conhecimento popular amazônico com o conhecimento escolar.
Foi possível constatar a ausência da produção de pesquisas dedicadas à Vila Princesa, especialmente recentemente publicadas, que abordassem esses recortes ou que gerassem interfaces à Educação. A situação de isolamento e banimento na perspectiva de Wacquant permitirá abordar os processos que delineam os limites da Vila Princesa. Limites de espaço geográfico com marcadores de isolamento e banimento, mas constituidores do espaço social Vila Princesa.
Vila Princesa como espaço coloca em jogo o modo pelo qual os agentes, em seu transitar cotidiano e na interação com os marcadores elencados anteriormente, a constituem como lugar. Pierre Bourdieu (1999; 2013) propõe um percurso metodológico que ampara a apresentação dos resultados da investigação até aqui. Nós de um bordado em fazimento, os resultados parciais instalam perguntas e movimentam a pesquisa, reiteramos, em andamento, e a aproximam de melhor posição para compreender o processo de produção do espaço social. Os resultados parciais apontam que a localização e estilo das residências, a distância em relação à BR 364 e dos equipamentos sociais, o tipo de trabalho que leva rendimento para as famílias como, fortemente, os processos de escolarização e o valor dado à educação escolar como elementos mais fortes a cruzar para traçar a localização e a posição na constituição dos dados sobre o espaço social- os nós, relações que se desdobraram dos resultados. Espaço social nada linear, dependente da posição dos agentes, embora constituído na relação de um espaço geográfico circunscrito a olhos nus, afetou tanto fortemente a equipe ao longo dos 7 meses e meio (antes da interrupção imposta pela pandemia de COVID 19) de pesquisa de terreno. Afetou a equipe de pesquisadoras da educação, aquilo que acontece fora do quantificável ou categorizável, tão no limiar, o que impõe enfrentamentos à escrita, em um relatório-projeto de continuidade da pesquisa – como, de resto, é a exigência para esse texto.
Espaço social, apontamos, não é apenas a constatação de que há grupos sociais em um determinado território, o que seria óbvio afirmar. A ferramenta conceitual apresenta a necessidade de perceber a tessitura, a própria trama que a sustenta, cujas regularidades não são da ordem do acabamento, mas do inacabamento, da transitoriedade, da fluidez, do deslocamento, do movimento, todos esses elementos da tensão que anima o espaço social. Pode parecer incoerente considerar “regularidades” sem linearidades ou pautadas em deslocamentos e movimento. Aqui queremos dizer sobre os Agentes, bens, serviços, propriedades, objetos distribuídos no espaço físico e que são apropriados pelos agentes em geral de acordo com sua posição, seu entendimento, seus juízos de valor, seu modo de ver a vida, o outro e o mundo. O movimento e o deslocamento se dão de modo variado, dos agente em direção, para esses elementos todos, mas de modos distintos, o que gera apropriações. No fluxo das apropriações, o agentes individuais vão também constituindo e constituindo-se no seu movimento e deslocamento, agora englobado no seu movimento e deslocamento em direção aos elementos citados. Estamos falando de agentes mas agentes que participam de inúmeras configurações: casa, filhos, pais, mães, mulheres, negros, indígenas, idosos, comerciantes, consumidores... e as configurações nas quais os agentes participam podem ser várias, por vários motivos. O espaço social é a resultante então do modo pelo qual há distribuição e redistribuição e disputas em torno dos elementos distribuídos no espaço físico, de acordo com marcadores como gênero, gostos e modos de vida, classe social, escolaridade, trabalho. Do ponto de vista da pesquisa educacional, considerando o aporte oferecido por Pierre Bourdieu (1999;2013) sobre o espaço social, temos enfatizado o marcador escolarização.
Nesse sentido, os letramentos tomados aqui, ao lado das ferramentas propostas por Wacquant e Bourdieu, como as estratégias variadas dos agentes, crianças ou adultos, para responder às situações que a vida lhe coloca, múltiplos portanto, e causadores no espaço físico e, consequentemente, no espaço social, funcionarão como ferramentas conceitual para discutir e apresentar os saberes que se demonstram próprios da Vila Princesa.
A suposição tornada mais consistente no andamento da pesquisa é a de que, ao lado do saber escolar, funcionam com grande ênfase para a produtividade Vila Princesa, os saberes dedicados às outras nuances do cotidiano e aprendidos em outros espaços, o quais, retroalimentam o que é possível ver e ouvir dentro da escola da comunidade. De acordo com o que temos até o momento nas horas de entrevista, de observação na pesquisa de terreno e na pesquisa participante dentro da escola, estamos mais próximos de atingir o objetivo da pesquisa, que se mantém: constituir estudo de caso sobre as condições de produção de conhecimento, culturas e processos simbólicos dos moradores da Vila Princesa, Porto Velho, Rondônia. Para isso, especificamente, até esse ponto avançamos na análise dos letramentos múltiplos de catadores de recicláveis, que trabalham no lixão situado no centro da comunidade, e crianças moradoras na comunidade. Interessa-nos a perspectiva dos sujeitos sobre sua vida, seu trabalho, seu local de moradia, seus objetos e propriedades, suas maneiras de cuidar do outro, de enxergar o espaço. Quais são os seus saberes próprios manifestos em processos educativos, culturais, formais e não formais? A pesquisa abordará a Vila Princesa como espaço social (BOURDIEU, 1999;2013), em seus processos simbólicos e culturais que constituem a comunidade periférica com característica de banimento e isolamento sem desconsiderar o espaço geográfico. Ao final da pesquisa, ainda previsto para 2022, daqui dois ciclos PIBIC, pretende-se demonstrar os achados através de inventário cultural e pesquisa documental. Mas estamos em tempos cujas bases foram tencionadas pela pandemia de Covid19. Pretendemos, como impacto, que as conclusões e o inventário cultural possa apoiar concretamente a elaboração de indicadores para a educação formal em escolas de comunidade, mas especificamente, possa ter sua viabilidade discutida pela EMEIEF João Afro Vieira, sem desconsiderar que novas mediações que incluirão iluminar a tecnologia vão ser centrais. Haverá um desdobramento, paralelo à pesquisa educacional, da produção de material pedagógico a ser utilizado na escola, dentro da construção do inventário cultural, dedicado e valorizando os múltiplos saberes dos estudantes. Ressaltamos que o projeto participa da Pesquisa multidisciplinar "PROCESSOS DE VIDA, TRABALHO, EDUCAÇÃO E SAÚDE NA COMUNIDADE DA VILA PRINCESA EM PORTO VELHO/RONDÔNIA" (2019 - PROTOCOLO CEP 063180/2019). No texto que segue, apresentaremos nosso problema de pesquisa, seus fundamentos teóricos a título de introdução e justificativa; apresentaremos nossos resultados parciais e a atualização da metodologia de pesquisa; as referências com as atualizações. Finalizamos explicitando que o estudo sobre espaço geográfico em contraponto a espaço físico e espaço social ganhará maior aprofundamento no contraponto com a noção de múltiplos letramentos e a escolarização da/na Vila Princesa, na perspectiva indicada pelos objetivos da pesquisa, marcado pelos desdobramentos da pandemia que assola os corpos. Pensamos que especialmente o corte etnográfico irá ganhar novo matiz em uma comunidade em condição de isolamento e banimento agora em contexto histórico que altera o status dos processos de isolamento em termos planetários – ganham os estudos que não deixarem de aprender com os processos vividos na pesquisa de terreno.
Palavras-chave: educação escolar. escola de comunidade. letramentos múltiplos. desigualdade social. espaço social. Pierre Bourdieu